Dolly Kei é a junção da palavra Dolly (do Inglês – Boneca) + Kei (do Japonês – Estilo), também chamado de Antique Doll Kei, e é um dos vastos estilos de moda jovem urbana no Japão.
Rege-se com base em fases tão distintas da história da moda que, para mim, é um dos factores que torna o Dolly Kei tão interessante. Tanto vai buscar inspiração às roupas medievais, como do Barroco/Rococó, à era Victoriana ou a vestes tradicionais da Europa Oriental. O resultado final é surpreendente, um mix entre Vintage e Folclórico.
O Dolly Kei é algo recente, e surgiu quase ao mesmo tempo que o Mori Kei (falarei dele futuramente), tendo então algumas influências (não propriamente muito perceptíveis) deste. Mas, e por vezes, o Dolly Kei pode ser também confundido com o Classic Lolita (do qual também falarei quando abordar o Lolita Kei (extenso! Lol)). Porque razão? Bem, o Dolly Kei tem as mesmas bases que o Classic Lolita, só que, este sub-estilo é bem mais jovial que o Dolly. O Dolly Kei é mais sério, adulto (não querendo dizer que não hajam excepções). As cores andam dentro do bordeaux (tinto), verde escuro, castanhos e cinzas; tons pastéis envelhecidos (influência do Mori Kei) também são aceites. Preto, vermelho, roxos e cremes (numa gama mais escura) são igualmente vistos. Enfim, cores sóbrias e “velhas”.
Do que é, então, constituído o guarda-roupa Dolly?
– Rendas;
– Padrões antigos;
– Vestidos florais;
– Saias compridas/ pelo joelho (na maioria das vezes);
– Chapéus (maioritariamente de feltro);
– Xailes, encharpes, estolas e cachecóis (se forem meio “exóticos” (tipo cigano e afins) melhor);
– Peças em tricot;
– Casacos de malha ou outros tecidos de aspecto confortável e oldfashion;
– Sobreposições de peças (casacos, saias, camisolas...);
– Peles e pêlo (verdadeiro ou não);
– Flores, travessões/bijuteria antiga, passemanarias como enfeite de cabelo;
– Acessórios antigos (como relógios de bolso, pregadeiras, colares e fios...), ou que remetam à decoração de ambientes do passado (como os cordões com borlas de seda (ou qualquer outro tipo de passemanarias) usados para abrir ou prender os cortinados pesadões de qualquer palácio/casa nobre);
– Meias e collants de/com rendas, com impressões campestres, antigas, quadros conhecidos ou mesmo místicas;
– Os sapatos ficam muito ao gosto de cada um, mas na grande maioria podemos ver sapatos/botas “velhos/as”. Com salto, plataforma ou rasos, largos ou que delineiam perfeitamente o pé, mais campestres ou coquet, com tiras, laços, fivelas, atacadores... o que importa é o ar envelhecido (elegante ou confortável) que tenham;
– As malas costumam ser um misto entre serem de couro; de tecidos estampados ou bordados com motivos florais, de Arte ou animais; ou remetentes ao universo cigano e mágico; podem também ver-se alguns cestos de verga (mas estes são muito mais utilizados pelo Mori Kei). Mais uma vez... o que importa é o ar antigo que tenham ou que se coadunem com a roupa que se enverga;
– As malas costumam ser um misto entre serem de couro; de tecidos estampados ou bordados com motivos florais, de Arte ou animais; ou remetentes ao universo cigano e mágico; podem também ver-se alguns cestos de verga (mas estes são muito mais utilizados pelo Mori Kei). Mais uma vez... o que importa é o ar antigo que tenham ou que se coadunem com a roupa que se enverga;
– A maquilhagem vagueia entre o natural e o discretamente elegante. Normalmente realçam-se as bochechas com blush (para dar o efeito de bochechinha rosada de boneca de porcelana) e os olhos são (ou não) delineados com lápis/eyeliner, mas aposta-se muito mais no realce das sobrancelhas com rimel ou mesmo com pestanas postiças;
– Os cabelos não têm regra específica, porque o que o vai moldar e dar-lhe mais interesse são os acessórios nele metido (não querendo com isto dizer que o uso de acessórios no cabelo seja obrigatório. Há quem opte por usá-lo naturalmente, e sem qualquer penteado concreto).
Os rapazes não ficam de fora neste estilo. Aliás... nem neste, nem qualquer outro que venha a apresentar futuramente (da moda jovem no Japão ou fora dele).
Os rapazes Dolly Kei vestem-se exactamente do mesmo jeito (neste caso com calças/calções compridos; suspensórios; camisas e coletes), usufruem do mesmo estilo de acessórios (relógios, pregadeiras, cordões de cortinado, passemanarias), calçado (rasos ou de plataforma), meias (na maioria confortáveis e com alguma fantasia. Mais dentro do campestre), cachecóis, encharpes e xailes, rendas, pêlo e peles, malas de couro ou de tecido; chapéus de feltro ou boinas.
Só para ficarem um pouco mais informados, a melhor loja de Dolly Kei no Japão é a Grimoire e situa-se entre Harajuku e Shibuya (os maiores pontos de moda jovem por Terras do Sol Nascente). A loja é uma verdadeira delícia para todos os adeptos de antiguidades. A primeira vez que vi algumas imagens da loja fiquei pura e simplesmente a babar e a desejar teletransportar-me até ao outro lado do mundo num estalar de dedos.
A Grimoire é obra de uma antiga estudande de Moda (Hitomi Nomura) e do proprietário da loja (Naoaki Tobe). A sua decoração faz, obviamente, juz ao estilo de roupa. Vários objectos antigos (Vintage ou anteriores) como bonecas de porcelana, relógios, chapéus, biblots, espelhos, quadros, livros, estátuas, candeeiros e alguns móveis. Tem ainda algo florestal, como flores de tecido, frutas artificiais e vegetação artificial a imitar eras/flores/arbustos secos e alguns ramos/troncos colocados aqui e ali; tudo num espaço em que o soalho é de madeira escura, provido de alguns tapetes, e quase se funde com as paredes semi-compostas por uma espécie de boiserie em madeira, também escura, muito simples, e um papel de parede contrastante e de estilo igualmente “antigo”. Fundidos nesta decoração encontram-se os charriots de metal cheios das belíssimas peças de roupa; os pares de sapatos no chão todos alinhados lado a lado; lindíssimos armários de prateleiras repletos de acessórios, malas, sapatos e afins, bem como alguns cabides pendurados aqui e acoli com mais peças de roupa, mais acessórios e etc. Enfim... um sonho! <3
O nome da loja, Grimoire, vem de um homónimo livro de magia.
A própria Hitomi diz:
“Quando abrimos as páginas do livro, são-nos
mostrados vários truques de magia. Esperamos que as pessoas possam ter algo
diferente com a experiência de virem à nossa loja, e esperamos também poder
concretizar mais sonhos.”
A loja abriu em Junho de 2008 e, como já referi anteriormente, é a melhor referente ao Dolly Kei.
A loja abriu em Junho de 2008 e, como já referi anteriormente, é a melhor referente ao Dolly Kei.
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